sábado, 26 de janeiro de 2008

Uma Carta de Amor - Geraldo Generoso



Minha querida Namorada:

Você, só você, me faz sentir único no universo. Mais único ainda, pela solidão imposta pelo império do acaso ou do destino – tenho certeza que, não por Deus. Pois assim fosse, ter-me-ia Ele propiciado a graça (ou desgraça) de esquecê-la. Ou a condição de você, como em tantos casos têm ocorrido a outros pares, se tornar tão só revestida, em meus pensamentos, na aura de uma desinteressada amizade. Mas não é assim. Não foi assim...São transcorridos quarenta anos, tempo suficiente para um povo rebelde lograr o alcance à Terra Prometida pelo ínvio deserto. Sim, talvez se você fosse terra, apenas uma terra, certamente ter-se-ia desaparecido da minha vida, como da crosta da terra se ocultam, pela sedimentação, o solo que hoje ou ontem estava à vista dos passantes. Todavia, como você não é tão só a minha Terra Prometida, mas o meu Céu de toda uma vida, quiçá da eternidade se ela for real, mais tempo hei de esperar – e espero mesmo não querendo – alcançar a felicidade de estar ao seu lado.
Por que, transcorridos tantos anos, ainda o coração se me sobressalta no peito se o acaso nos coloca pertos um do outro? Por que, mesmo sabendo que você é uma pessoa responsável ao extremo pelo compromisso assumido, contudo a contragosto, de se casar com outro, eu ainda a espero? Não sou eu quem alimenta a chama desse amor impossível. É a chama do próprio amor, a arder em meu peito como um círio em sua centelha insistente, que me clareia e ao mesmo tempo me faz perdido, absorto, atordoado ao pensar que apenas posso cultivar a lembrança de nossos momentos felizes, e que, de repente, sem avaliar o quanto era enraizado o meu sentimento por você, tudo se desfez ao sopro de um ímpeto momentâneo de ciúmes injustificado.
No entanto, isso faz sentir-me diferente a tudo e a todos, porque não conheço caso semelhante de tamanha afeição. Você faz maior a minha própria auto-estima, pela fidelidade espontânea, tem amá-la para sempre, a cada minuto, sem mesmo manter a pressa de que o sonho se realize um dia, e juntos possamos palmilhar o pouco de vida que nos resta...Mas se você é o meu Céu, cada minuto valerá por mil anos, ao concretizar esta esperança que zelosa me acompanha em todos os momentos.
Neste Dia dos Namorados, sinto que o dia é só meu, por merecimento da minha paciência e suave persistência, em nunca desistir de um sonho, mesmo quando ele envelhece e, como o vinho, ainda mais me embriaga em seu capitoso buquê.
Querida, seja feliz! Você sabe, mesmo sem que eu a presenteie com as flores e os chocolates de antigamente, que você persiste sendo sempre a minha eterna namorada.




Crônica de Geraldo Generoso - Ipaussu - Sp




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